domingo, 7 de junho de 2009

Pré Renascimento

Contexto Histórico


O Renascimento teve sua base teórica inspirada no pensamento grego e no pensamento romano, renovando algumas idéias para seu tempo, e com a influência dos Humanistas, tinham a consciência de seres como sociedade e do homem como centro do mundo. Antes dos renascentistas, nenhum povo teve essa consciência de se organizar e se considerar uma sociedade.

Vários outros fatores sócio-econômicos influenciaram no surgimento desse novo Estilo, tais como: o descobrimento da imprensa, a chegada de eruditos bizantinos expulsos de Constantinopla pelos turcos, a evolução fabril e a descoberta do Novo Mundo através da expansão marítima.

Mas o principal fator mesmo foi o surgimento das cidades, pois com elas surgiu também a burguesia, com isso, houve uma necessidade dessa nova classe social se firmar perante o restante da sociedade, o meio que foi encontrado foi o artístico-cultural e a própria expansão marítima.

As grandes famílias burguesas construíam catedrais, igrejas e monumentos; em frente à essas obras, essas famílias colocavam seus brasões e estátuas gigantescas para homenagear heróis e fundadores.

Esses financiadores da nova cultura foram chamados de Mecenas, os protetores das Artes. Sempre tendo em vista divulgar a imagem da vida burguesa e os valores burgueses.

Apresentação Geral

Florença ao ser aclamada pela população como a “Nova Atenas” teve que responder à altura do título, com isso, nesse período houve uma grande quantidade de movimentos artísticos, além de quantidade, o movimento fez surgir a qualidade, dando importância à forma e à técnica.


Escultura

Florença se manteve como principal produtor da arte. Não houve um movimento específico além do Neoclássico .

Buscava a simplicidade e a harmonia, sobretudo. Com o toque naturalista nas estátuas, buscava a perfeição anatômica e o dinamismo, fruto das raízes greco-romanas.

Principais Artistas:

Donatello (1396-1466) - Donatto di Bardi nasce em Florença no ano de 1386, filho de tecelão de lã e com família humilde. Começa como ourives e aos 17 anos aprende a esculpir em mármore. Inicia-se, como assistente, nas portas do batistério de Florença e realiza uma obra imensa. Tem como característica produzir tensão emocional por tamanho realismo.

Principais Obras:

  • "São Marcos" - Florença;
  • "Tabernáculo de São Jorge" - Museu Nacional do Bargello, Florença;
  • "Profetas" (Zuccone) - Duomo, Florença;
  • "O banquete de Herodes" - Pia batismal da Catedral de Siena;
  • "Davi" - Museu Nacional de Bargello, Florença;
  • "Gattamelata" (estátua esquestre) - Pádua;
  • "Maria Madalena" - Duomo, Florença;
  • "Judite e Holofernes" - Palazzo Vecchio, Florença;

Ghibert (1378 - 1455) - Lorenzo Ghiberti nasceu em Florença. Sua principal obra foi lavrar as monumentais portas de bronze do batistério de Florença. Formou-se na oficina do ourives florentino Bartolo di Michele e deixou temporariamente Florença para trabalhar em Pesaro, como pintor de Sigismondo Malatesta. Regressou a Florença para se candidatar à execução da segunda porta do batistério daquela cidade, escolheu como tema o sacrifício de Isaac e com isso ganhou o concurso, após 20 anos fazendo esse trabalho, foi chamado para fazer a terceira porta do batistério da mesma cidade.

Principais obras:

  • · "São João Batista, São Mateus e Santo Estevão" para Or San Michele
  • · Relevos da pia batismal de Siena “Tabernáculo de São Jorge” - Museu Nacional do Bargello, Florença;
  • · A História de Jacó e Esaú” – Painel das ‘Portas do Paraíso’ – Batistério, Florença
  • · Terceira Portas de bronze do batistério de Florença

Lucca della Robbia (1400 - 1482) - Escultor e ceramistas, nasceu em Florença , dedicou-se, fundamentalmente, à escultura em terracota que ele cobria de uma espécie de esmalte para dissimular sua superfície e conversar das condições atmosféricas.

Principais obras:

  • Ressurreição e a Ascensão de Cristo” – Catedral, Florença
  • “Cantoria” - Museo dell´Opera di Santa Maria del Fiore


Pollaiulo (1432 - 1498) - Antonio di Jacopo Pollaiuolo foi um pintor, escultor e ourives italiano da época do Renascimento. Mostrava interesse, sobretudo, na anatomia humana.


Principais obras:

  • “Hércules e Anteu” – Museu Nacional, Florença
  • “Judite”
  • A Batalha dos Homens Nus - Galeria Uffizi, Florença - Itália
  • O Martírio de São Sebastião" - National Gallery, Londres.


Verrocchio (1435 - 1488) - Andrea del Verrocchio era modelador e cinzelador, tem obras em mármore, terracota, prata e bronze. Foi professor de Da Vinci, Sandro Botticelli, Perugino e Ghirlandaio.

Principal obra:

  • “Putto com Golfinho” – Palazzo Vecchio, Florença


Pintura

Na pintura, os artistas seguiram a mesma linha ‘espacial’ da escultura, usavam a perspectiva seguindo padrões matemáticos e geométricos, buscavam sempre a realidade, traços realistas e dinamismo nas figuras, utilização do claro-escuro e do esfuminho.

Das raízes greco-romanas, novamente, vem a unidade, o equilíbrio e a harmonia das obras, exaltação do homem, revalorização da beleza física, representação de nus e busca da perfeição anatômica.

Principais Artistas:

Masaccio (1401 - 1428) - Masaccio nasceu em San Giovanni Valdarno, em Arezo, na Toscana. A família se mudou para Florença e Masaccio entrou para a guilda de artesanato na cidade.

Principais obras:

  • “Tríptico de San Giovenale” e “A Virgem e o Menino com Santa Ana” - Galeria Uffizi
  • A Virgem e o Menino com Anjos - Galeria Nacional de Londres
  • A Ressurreição do filho de Teófilo
  • A Expulsão do Paraíso
  • "Tríptico de San Giovenale"- Igreja d e Cascia di Reggello, em Pieve de San Pietro, perto de Florença
  • “Madonna e Menino com Santa Ana"

Veneziano (1410 - 1461) - Domenico Veneziano nasceu em Veneza mas mudou-se ainda menino para Florença. Utiliza muito em seus trabalhos perspectiva e cor.

Principais obras:

  • “Madona e o Menino com os Santos” - Galeria dos Ofícios, Florença
  • Sacra Conversazione”
  • "Adoração dos Magos"

Piero della Francesca (1416 - 1492) - Especialista em tela e pintura à óleo. Fazia retratos humanos e da natureza. Utilizava a perspectiva e a criação do volume em suas obras.

Principais obras:

  • “Baptismo de Cristo”
  • Misericórdia”
  • Ressurreição
  • A História da Vera Cruz”
  • "A Natividade"

Botticelli (1445 - 1510) - Nome verdadeiro Alessandro di Mariano Filipepi e artístico Sandro Botticelli, nasceu em Florença, tem tanto uma linha pagã quanto religiosa.

Principais obras:

  • · “Nastagio Degli Onesti”
  • · “Botticelli (Auto-retrato)
  • · Ressurreição
  • · A Coroação da Virgem”
  • · “O Inferno de Dante
  • · “A Tentação de Cristo”
  • · “As Provações de Moisés”
  • · “O Nascimento de Vênus” – Galeria dos Ofícios, Florença

Ghirlandaio (1449 - 1494) - Também nascido em Florença. Ao retratar os deuses pagões, ele os fazia como pessoas comuns de “carne e osso”.

Principais obras:

  • · “Velho e Menino” - Museu do Louvre, Paris

Bellini (1430 - 1516) - Nascido em Veneza. Leva a pintura para um lado mais sensual e policromático, usava cores claras de lenta secagem, com isso conseguiu um efeito mais sombreado e profundo.

Principais obras:

  • · “São Francisco em Êxtase” - Coleção Frick, Nova York
  • · Maria e o Menino
  • · Assunção”, (1513), igreja de São Pedro Martir, Murano
  • · A Festa dos Deuses”, (1514), National Gallery of Art, Washington;
  • · Alegoria Sacra”, (1490-1500), Uffizi, Florença;
  • · Madonna Willys” (1480-1490), Museu de Arte de São Paulo.

Arquitetura

Assim como nas outra manifestações artísticas, a Arquitetura Renascentista também teve forte influência dos modelos greco-romanos. Isso se deu através do emprego das ordens arquitetônicas, do frontão triangular, da arquitrave, dos frisos, das arcadas e abóbodas à moda romana.

Somando à isso, teve o uso do racionalismo, da perspectiva, da simetria, da harmonia e uma certa regularidade se tratando de regras geométricas.

Predominou-se o vertical e a cúpula era o elemento arquitetônico predominante.

Plantas em cruz latina e Planta centrada. Uso de Lodjas.

Principais Artistas:

Brunelleschi (1377 - 1446) - Apesar da resistência Italiana ao Gótico, Brunelleschi usou muitas das técnicas góticas em seus projetos.

Principais obras:

  • · Cúpula da catedral (Duomo em italiano) Santa Maria del Fiore, em Florença
  • · Hospital dos Inocentes
  • · Palácio Pitti
  • · A igreja de São Lourenço
  • · A Igreja do Santo Espírito
  • · Capela Pazzi


Alberti (1404 - 1472) - Leon Battista Alberti nasceu em Génova. “Baseava na música dos números a harmonia das proporções e concebia o edifício como um todo, solidário em cada um de seus elementos”. Mestre em fazer plantas e modelos.; e o Templo Malatesta, de Rimini: a Igreja de São Francisco, à qual deu por fachada um arco de triunfo.

Principais obras:

  • · Frontaria de Santa Maria Novella
  • · Palácio Rucellai ,em Florença
  • · Templo Malatesta, d e Rimini
  • · Igreja de São Francisco (à qual deu por fachada um arco de triunfo)


A Influência da Família Médici no Renascentismo

A família Médici foi uma poderosa família de Florença. Toda a riqueza dessa família se originou do comércio de têxteis e pela guilda da Arte della Lana.

Sendo grandes burgueses, a família expandiu seus negócios : tornando-se banqueiros, políticos, clérigos e, obviamente, nobres.

Essa família foi a principal Mecena da época. Grandes artistas foram patrocinados por ela.

João de Bicci de Médici foi o primeiro patrono das artes na família, patrocinando Masaccio e mandou reconstruir a Basílica de São Lourenço. Cosme de Médici foi mecenas de Donatello e Fra Filippo Lippi. A família apoiou também Michelangelo.

Na área arquitetônica, eles patrocinaram a galeria Uffizi (atual local onde grande parte do legado da família está), o Palácio Pitti e os jardins Boboli e o Belvedere.


Bibliografia

JASON, H. W. Iniciação à História da Arte / H. W. Janson, Anthony F. Janson; [ tradução Jefferson Luiz Camargo ] – 2ª ed. – São Paulo : Martins Fontes, 1996, p. 186 a 206

Consulta Internet:

http://www.minerva.uevora.pt

http://www.pitoresco.com.br/

(Última visita, em ambos, no dia 5 de Abril de 2008)







sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sobre a Teoria de Gestalt e a Teoria Associacionista

A Teoria de Gestalt visa aprofundar as idéias sobre o racionalismo de forma que a mente é levada em consideração nas coisas aprendidas; já no associacionismo acredita-se que as coisas que fazemos e pensamos são respostas à estímulos, fruto da nossa imaginação.

Segundo os Gestaltistas, as experiências que temos dos objetos, a percepção imediata, apresenta-se como um todo, uma forma, por isso também é chamada de Teoria da Forma, segundo ela, a nossa mente organiza espontaneamente os objetos que temos perspecção através da associação ou reagrupamentos que seguem determinados critérios que são determinados por leis da proximidade, semelhança, continuidade, etc.

Esta teoria tem com base a representação global de uma situação, centrada sobre a atividade do Indivíduo; essa situação, essa atividade o comportamento do sujeito são determinados de acordo com o modo pelo qual vê e compreende a estrutura dos elementos do problema. Então podemos dizer que os problemas tem como princípio o todo (a globalidade) para as partes (o todo não pode ser compreendido pela separação das partes) e na organização dos padrões de percepção e não se aceita a concepção do conhecimento como a soma de partes preexistentes. A insistência na estrutura global dos fatos e dos conhecimentos concede maior importância à compreensão do que a simples acumulação de conhecimentos.

A teoria associacionista acredita que o subjetivo não existe, ela consiste em explicar a associação pelas três leis de semelhança, contraste e contigüidade. O associacionismo reduz essas três leis à única lei da inércia e chega a materializar a consciência, que a partir daí não é outra senão o mundo das coisas.

Sobre o período Românico dentro da exposição "LUSA: A Matriz Portuguesa" (Centro Cultural Banco do Brasil - 2007)

Ao visitar a exposição “LUSA: A Matriz Portuguesa”, pode-se perceber vários períodos da História da Arte Mundial representados através de um país, Portugal, da Pré-História à expansão marítima.

Contempla-se na exposição a evolução cultural em seus mais ricos aspectos e a própria evolução como Nação Portuguesa. A História do país é contada através de esculturas, ferramentas, artesanato, armas de guerra, lápides, instrumentos, tampas de sarcófagos, capitéis; enfim, formas de arte e tecnologia.

Uma das épocas retratadas na exposição dentro da Idade Média é o Cristianismo Medieval que é dividido em duas partes: Românico e Gótico.

O assunto a ser discorrido é o Românico, período compreendido, aproximadamente, entre os séculos X e XIII, marcado pela sociedade rural, implantação de mosteiros beneditos, a relação camponês-nobre (o Feudalismo) e a fortíssima influência da Igreja Católica.

O Feudalismo surgiu em decorrência da queda do Império Romano e era composto por três estamentos: Clero (Igreja Católica, detentora do poder sobre toda a sociedade), a Nobreza (o “2º estamento”, possuidora das terras) e os Servos (ou camponeses). Praticamente nula a chance de mobilidade social.

Tendo em vista o cenário sócio-econômico, compreende-se o porquê das produções culturais desse período sejam direcionadas à Igreja. O objetivo principal das obras não era a beleza em si, e sim seu conteúdo.

As obras foram construídas seguindo exemplos Romanos, por isso o nome Românico, na construção de igrejas, por exemplo, usa-se o aspecto de naves de abóbadas de pedra substituindo o travejamento de madeira, de certa forma até para evitar incêndios e para dar idéia de fortaleza e afins. Como essa estrutura de pedra é muito mais pesada do que a de madeira, foi necessária uma estrutura de suporte maior e mais resistente. Eles então fizeram a seguinte estrutura: de uma a cinco naves colunas para sustentar as abóbadas de pedra, até com aspecto maciço e horizontal, paredes cegas (pois é muito difícil abrir grandes janelas nas paredes já que elas servem como estrutura e suportam todo o teto extremamente pesado). Exemplos desse tipo de igreja são: a Igreja Santiago de Compostela, Santa Madalena de Vèzelay, Igreja de Saint-Martin de Tours, a Catedral de Durham.

Um exemplo interessante a ser mencionado é a Igreja de Saint-Sernin de Toulouse, planejada para abrigar muitas pessoas e em formato cruz com dimensões enormes.

Na parte exterior e interior a decoração era feita através das esculturas nos tímpanos nas portas de entrada e nos capitéis e colunas, e pintura parietal nas ábsides e abóbadas das naves. Aí que entra a escultura e a pintura nesse período histórico, eram muito mais utilitários para a arquitetura do que uma arte em si, própria e independente. Exemplo encontrado na exposição é o Capitel com Sereia e Animais Afrontados (1150-1475), feita de calcário.

As pinturas eram feitas na Igreja simbolizando atos da Bíblia ou o medo que sentiam de demônios, eles utilizavam essas pinturas porque grande parte da população não sabia ler, então as faziam para narrar essas histórias bíblicas e para comunicar valores religiosos à essas pessoas.

Como eles não se preocupavam em retratar a natureza como ela realmente é, eles usavam cores chapadas, sem utilizar muitos meios tons, sombra, claridade e profundidade. Também havia a preocupação em fazer figuras divinas sempre maiores do que humanas, mesmo se elas estivessem no mesmo local, isso servia para demonstrar que os humanos, na visão da Igreja, é inferior a Deus. Exemplos disso: São João Evangelista, do Evangeliário do Abade Wedricus, A Travessia do Mar Vermelho.

Outro objeto interessante que está na exposição é o Elmo com Nasal, Castelo de Torres Novas (século XII – XIII) feito de ferro, ele simboliza bem as guerras católicas e bárbaras. E nas próprias igrejas eram construídas torres em suas laterais.

As obras fogem do estilo Clássico não só pelas cores e pelo formato das Igrejas, mas também, pelas próprias pinturas, até mesmo o corpo humano é feito ‘desproporcionalmente’ com pés grandes, mãos grandes, olhos esbugalhados, rostos grandes, enfim, além de fazer humanos menores que anjos como havia mencionado antes, eles não retratavam com fidelidade a figura humana.

     De modo geral, percebe-se que o Período Românico foi um momento de transição, pois antes dele, as manifestações artísticas eram praticamente nulas devido à proibição da Igreja de fazê-las, portanto, eles tiveram que reinventar sua arte e reaprendê-la.